sábado, 16 de janeiro de 2010

Amanheceu

Bom dia,
O mundo ainda não mudou e, por isso, era de manhã também há dez anos atrás. Mais escura hoje.
De tudo o que penso, penso sermos merecedores de tudo aquilo. Do verde daqueles campos, do azul daquele céu, do brilho daquele olhar. Porém, a inocência é como um rastilho de fumo, a cada ano passado torna-se mais pequena.
Fui ingénua ao pensar que os bons momentos duram uma vida toda. Não. Não duram por isso mesmo. São momentos, momentos guardados em nós e na inocência que ainda nos resta. E quando chegarmos aos noventa? Quando o rastilho finalmente se dispersar? Não sei, um dia escrevo-te a contar como a solidão se invadirá de mim.
Embevecia-me com tudo aquilo. Tudo aquilo que me davas e mesmo como o que me fazias imaginar que davas. Talvez darás um dia...
Às vezes dou por mim a sonhar, que sina a minha! Não são os sonhos adormecidos, não são aqueles que fantasiamos quando temos direito ao descanso. São daqueles sonhos acordados. Acorda. O tempo não volta atrás. Não vamos voltar a purificar-nos com aquele ar que era só nosso. Não vais brindar-me com aquela meia-dúzia de flores que colhias só para mim. Contavas-me como seriamos felizes no fim dos nossos dias, no nosso jardim "Nosso". Que ingenuidade.
O sempre apenas existe com a inocência característica dos nossos oito anos. A vida que pensavamos ser a cores afinal é a preto e branco, como a televisão que viamos por essa altura.
Genuinidade tua e minha.
Um dia conta-me como tens passado.

Meu pequeno grande amigo

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